
Internacional sacode o time e aposta em caras novas para jogo decisivo do Brasileirão
Quando a pressão aumenta, não tem muito segredo: treinador precisa mexer no time. Foi assim que o Internacional chegou para o duelo contra o Juventude, no Beira-Rio. Abalado por uma sequência ruim – só uma vitória nos últimos cinco jogos –, o técnico do Colorado foi ousado e jogou as cartas em Nathan e Ronaldo, dois nomes que pediam passagem há um tempo por conta do desempenho nos treinos. O cenário da Série A não perdoa vacilo e, ocupando apenas a 12ª colocação, o Inter precisava mostrar alguma reação para não ver o pelotão da frente sumindo no retrovisor.
Nathan, comandando o meio-campo, e Ronaldo, reforçando a proteção na cabeça de área, entraram nas vagas de titulares que vinham dando sinais de desgaste. O objetivo era bem claro: dar mais segurança defensiva e evitar surpresas como as que quase derrubaram o time em jogos recentes. Só que o susto veio logo cedo: o Juventude, embalado pelo bom momento de Emerson Batalla, marcou já aos 4 minutos. O atacante aproveitou espaço pelo centro e, de canhota, não deu chance pro goleiro. A pressão aumentou, e a torcida já sentiu aquele frio na barriga de costume.
Mesmo com o gol sofrido, o Inter mostrou sinais de mudança. No ataque, a aposta era alta em Victor Gabriel – que brilhou com dois gols só no primeiro tempo –, com apoio de Rafael Borré e Enner Valencia. Do outro lado, o Juventude apostava em uma proposta bem direta, buscando Bernabei e Anthoni sempre que possível. As jogadas de perigo, para o Inter, vieram basicamente de lances de bola parada e chamadas rápidas de contra-ataque, um claro reflexo da tentativa de usar a força e o histórico positivo (foram 26 vitórias do Inter em 44 confrontos diretos) para pressionar o rival gaúcho.
Chamou atenção como o Juventude não se intimidou. Jogando na casa do Colorado, com ambiente pesado e pressão das arquibancadas, a equipe visitante mostrou maturidade e tentou ditar o ritmo com passes curtos e chegada rápida. O Inter, por outro lado, parecia mais calculista, com exposição menor e arriscando menos. Era visível que a prioridade era ajustar o meio para não dar brecha para contra-golpes. E Nathan e Ronaldo, apesar de alguma falta de entrosamento, conseguiram limitar as investidas do adversário com entradas firmes e boas coberturas.
O contexto do Brasileirão também pesa: cada ponto é precioso quando a diferença mínima na tabela pode separar de uma zona de rebaixamento precoce ou até garantir vaga em competições sul-americanas. Não dá muito tempo para experimentar e errar. Assim, a formação mais conservadora do Inter fazia sentido — principalmente diante da necessidade de parar a sangria que tomou conta das últimas rodadas.
Uma aposta que pode mudar o clima no vestiário
Se tudo sair como planejado, a confiança no elenco ganha corpo e o treinador se livra, pelo menos por uma rodada, da mira crítica da torcida. A entrada de Nathan e Ronaldo também sinaliza para outros atletas que espaço tem, mas é preciso mostrar mais. O Juventude, por sua vez, tenta se afastar de vez do fantasma da ameaça de rebaixamento e sonhar com o bloco dos times que podem incomodar os favoritos no retorno do campeonato.
- Internacional buscou o velho estilo copeiro: forte atrás, aguerrido no meio, rápido na frente.
- Juventude provou não ser time bobo, apostando em linhas altas e pressão no setor ofensivo.
- A diferença de abordagem ficou clara: enquanto o Inter tentava arriscar pouco e ser cirúrgico, o Juventude não tinha medo de atacar e provocar erro adversário.
No fim das contas, mudanças assim mexem com a moral da equipe e podem desenhar o rumo do campeonato, mostrando que, no Brasileirão, quem não se reinventa acaba ficando para trás.