Uma onda de calor inesperada varreu o estado de Rondônia entre 24 e 26 de julho de 2025, trazendo máximas que podem chegar a 39°C em dezenas de cidades. O alerta foi emitido pelo Censipam, que identificou a presença de uma massa de ar quente e seca responsável por céu aberto e ausência de chuvas. A situação despertou preocupações nas comunidades rurais e nas capitais municipais, que enfrentam risco de desidratação e incêndios florestais.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região Norte já registrava temperaturas acima da média histórica para o período, e a previsão indica que o calor permanecerá intenso nas próximas semanas. O que está em jogo não é só o desconforto térmico, mas também o impacto nos setores agrícola e de saúde pública.

Contexto climatológico e causas do fenômeno

O período de calor de julho de 2025 coincidiu com uma zona de alta pressão que se instalou sobre a Bacia Amazônica, bloqueando a circulação de massas de ar úmidas vindas do Atlântico. Esse cenário, explicado por meteorologistas do Sipam, favoreceu a manutenção de céu límpido por mais de 90% do tempo entre 24 e 26 de julho.

“Estamos diante de um padrão que se repete a cada ciclo de baixa atividade da zona de convecção”, alertou o climatologista Dr. Rafael Menezes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). “A combinação de ar quente do interior e a falta de frentes frias cria o ambiente perfeito para essas máximas extremas”.

Municípios mais afetados

Ao menos 26 municípios foram incluídos na lista de áreas críticas. Entre eles, Alto Alegre dos Parecis e Alvorada D'Oeste registraram previsões idênticas: mínima de 20°C e máxima de 38°C na sexta‑feira, 25 de julho; já no sábado, 26 de julho, a temperatura deve subir para 22°C‑39°C.

  • Alto Alegre dos Parecis: 38‑39°C, risco de queimadas.
  • Alvorada D'Oeste: mesma faixa de temperatura, alerta de saúde.
  • Porto Velho (capital): máximas projetadas em 36°C, com índice de desconforto térmico “alto”.
  • Ji-Paraná: previsão de 35°C, mas com risco de ondas de calor sucessivas.

As predições foram divulgadas pelo Censipam às 09h00 do dia 24 de julho, reforçando a necessidade de ações de mitigação rápida.

Previsões e alertas das autoridades

O Inmet emitiu um alerta amarelo para todo o estado, recomendando que escolas adiem atividades ao ar livre nas horas de pico (entre 11h e 16h). Além disso, a Secretaria de Saúde de Rondônia (SESRO) distribuiu 12 mil litros de soro fisiológico para unidades de pronto‑socorro nas áreas mais vulneráveis.

Em entrevista, a coordenadora do Censipam, Mariana Cabral, destacou: “A população deve se hidratar constantemente, evitar exposição direta ao sol nos horários de maior radiação e ficar atenta a sinais de exaustão térmica”.

Impactos nos setores econômicos e de saúde

Impactos nos setores econômicos e de saúde

Os agricultores da região Norte, que dependem de plantios de arroz e milho, relataram queda na produtividade devido ao calor excessivo. Dados preliminares apontam uma redução de 12% na produtividade do milho nas áreas de fronteira com o Acre.

No âmbito da saúde, hospitais de Porto Velho registraram um aumento de 27% em casos de desidratação e 15% em crises de hipertensão nas primeiras 48 horas da onda.

Especialistas em manejo de recursos hídricos alertam para um risco maior de incêndios nas áreas de mata atlântica, que já sofreram com o desmatamento nos últimos anos.

Perspectivas para o restante do verão

O Inmet projeta que, entre 28 de julho e 4 de agosto, a temperatura máxima em grande parte da região Norte permanecerá acima de 33°C, com picos de até 34°C no Pará e Mato Grosso. A avaliação indica que, embora haja possibilidade de uma frente fria breve no norte do Acre, a tendência geral é de calor persistente.

Para o restante do verão (outubro‑dezembro), as previsões apontam para um cenário mais estável, mas ainda com risco de episódios isolados de calor intenso, especialmente nas áreas de transição entre a Amazônia e o Cerrado.

O que a população pode fazer agora

  1. Hidratar-se com água e bebidas isotônicas a cada 30 minutos, especialmente ao ar livre.
  2. Utilizar chapéus, roupas claras e protetor solar com FPS 30 ou superior.
  3. Evitar esforço físico entre 11h e 16h; se for inevitável, fazer pausas regulares.
  4. Monitorar avisos de saúde pública nos canais oficiais de SESRO.
Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Como a onda de calor afeta os agricultores de Rondônia?

O calor excessivo reduz a eficiência da fotossíntese e aumenta a evaporação do solo, levando a perdas estimadas em 12% na produtividade do milho nas áreas fronteiriças com o Acre. Muitos produtores estão adotando irrigação de emergência e cultivo de variedades mais resistentes ao calor.

Quais são os principais sinais de exaustão térmica?

Tontura, pele fria e úmida, náuseas, confusão mental e pulso acelerado são indicativos clássicos. Caso apareçam, procure um local sombreado, beba água aos poucos e, se necessário, procure assistência médica.

A fronteira entre o Acre e Rondônia pode receber chuva durante a semana?

Segundo o Inmet, há uma leve incursão de frente fria prevista para a madrugada de 14 de julho, o que pode trazer algumas pancadas de chuva isoladas na região de fronteira, mas sem alívio significativo das temperaturas diurnas.

Quais medidas o governo estadual está tomando para reduzir riscos?

Além da divulgação de alertas, a SESRO distribuiu soro fisiológico a unidades de saúde, a Censipam ativou equipes de monitoramento de incêndios e o Inmet ampliou a rede de estações de medição para melhorar a antecipação de picos térmicos.

O que os especialistas preveem para o próximo mês?

A tendência é de manutenção de altas temperaturas, com máximas entre 33°C e 34°C na maior parte da região Norte. Contudo, a possibilidade de frentes frias pontuais pode gerar variações locais e breves diminuições de temperatura.