Quando Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal STF assumiu a presidência do STF nesta segunda‑feira, 29 de setembro de 2025, o país assistiu a um momento raro de transição institucional. A cerimônia, realizada no Brasília, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outras lideranças do Executivo e do Legislativo.

Antecedentes e regra de antiguidade

O Supremo Tribunal Federal segue, por tradição, o critério de antiguidade estabelecido em seu regimento interno: o ministro mais antigo que ainda não ocupou a presidência assume o cargo por dois anos. Essa prática evita disputas políticas internas e garante continuidade. Em 2023, o então presidente Luís Roberto Barroso completou seu mandato, abrindo caminho para a ascensão de Fachin, que já exercia a vice‑presidência desde fevereiro.

Desde 1990, 20 ministros já foram presidentes do STF, e a maioria optou por manter o tradicional jantar de posse. Fachin rompeu esse padrão, justificando a decisão como "um gesto de austeridade em tempos de crise".

Detalhes da cerimônia de posse

A posse foi formalizada como posse de Edson FachinPalácio da Justiça, Brasília. O ritual seguiu o protocolo: juramento perante a Constituição, troca de bastão e leitura do regimento. O vice‑presidente, Alexandre de Moraes, recebeu a missão de apoiar Fachin nas decisões administrativas.

Ao contrário de cerimônias anteriores, não houve festa nem jantar patrocinado por associações de magistrados. Segundo fontes internas, cerca de R$ 1,2 milhão que normalmente seriam destinados ao evento foi redirecionado para o Fundo de Assistência ao Juiz.

Reações de autoridades e sociedade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva felicitou Fachin em seu discurso, destacando a necessidade de "unir a justiça ao povo". O vice‑presidente Geraldo Alckmin também elogiou a escolha, lembrando que "a estabilidade institucional é a base de qualquer democracia saudável".

Do Legislativo, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos‑PB), ressaltou a importância da cooperação entre os poderes. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União‑AP), apontou que "o STF tem papel decisivo nas reformas que o país precisa".

Organizações da sociedade civil, como a Transparência Brasil, comemoraram a decisão de Fachin de dispensar a festa, interpretando-a como um sinal de responsabilidade fiscal. Por outro lado, alguns magistrados veteranos criticaram a medida, temendo que ela possa sinalizar pressões externas sobre a independência do Judiciário.

Desafios e contexto judicial

Desafios e contexto judicial

O novo mandatário assume em um momento de intensas discussões sobre a atuação do Judiciário. Desde o início de 2024, o STF deliberou sobre 57 processos envolvendo políticos de alto escalão, incluindo casos de improbidade e corrupção. Em 2023, a Corte recebeu mais de 2.300 medidas cautelares, um aumento de 18% em relação ao ano anterior.

Especialistas apontam que a presidência de Fachin terá que equilibrar duas frentes: garantir a celeridade dos processos e preservar a autonomia da Corte frente a pressões do Executivo. A professora de Direito Constitucional da USP, Cláudia Barbosa, afirmou: "Fachin traz um perfil técnico e discreto, mas ainda não sabemos como lidará com a crescente expectativa popular por respostas rápidas".

Além das demandas políticas, o STF enfrenta desafios estruturais. O número de processos pendentes ultrapassa 3,5 mil, gerando uma sobrecarga que tem demandado reformas nos procedimentos internos. Fachin, antes de ser vice‑presidente, era conhecido por defender a digitalização de processos, o que pode acelerar a tramitação.

Próximos passos da presidência de Fachin

Nos próximos dias, Fachin anunciará a agenda de sessões plenárias e as prioridades de sua gestão. A expectativa é que ele promova a criação de um comitê de inovação tecnológica, focado em inteligência artificial para análise de precedentes. Outra medida provável é a revisão dos critérios de distribuição de processos entre as turmas, com o objetivo de reduzir o tempo médio de julgamento, que atualmente é de 14,2 meses.

Se tudo correr como planejado, o período de dois anos de Fachin pode marcar um ponto de virada, trazendo mais eficiência ao STF e reforçando sua imagem de guardiã da Constituição. O que fica claro é que a decisão de dispensar a festa de posse já sinaliza uma postura de austeridade que, ao menos por ora, parece alinhada à demanda da população por um Judiciário mais próximo e menos custoso.

Perguntas Frequentes

Como a escolha de Edson Fachin pode influenciar decisões sobre corrupção?

Fachin tem histórico de julgamentos rigorosos em casos de improbidade. Sua presidência pode acelerar processos contra políticos, já que ele tem defendido a digitalização das peças processuais, reduzindo a morosidade.

Qual o impacto da decisão de cancelar a festa de posse?

A medida economiza cerca de R$ 1,2 milhão, recurso que pode ser redirecionado para programas de assistência a magistrados ou para projetos de modernização da Corte, além de transmitir uma imagem de responsabilidade fiscal.

O que a regra de antiguidade traz de vantagem ao STF?

Ela evita disputas políticas internas, garante que a liderança seja exercida por quem já tem experiência na Corte e, ao mesmo tempo, mantém a sucessão previsível, o que contribui para a estabilidade institucional.

Quais são as expectativas da comunidade jurídica para o mandato de Fachin?

A comunidade espera mais eficiência nos julgamentos e maior transparência nas decisões. Muitos aguardam a implantação de ferramentas digitais que podem reduzir o tempo de tramitação dos processos.

Existe risco de interferência política na presidência de Fachin?

Embora a independência do Judiciário seja constitucionalmente garantida, a concentração de processos politicamente sensíveis pode gerar pressão. Fachin precisará equilibrar a autonomia da Corte frente às expectativas do Executivo e da sociedade.