O Vasco da Gama viu suas esperanças na Copa Sul-Americana 2025 se esvairam na noite de terça-feira, 22 de julho, quando empatou por 1 a 1 com o Independiente Del Valle no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro. O placar agregado de 5 a 1 — fruto de uma derrota por 4 a 0 na ida, em Quito — não deixou espaço para ilusões. A torcida, já frustrada com anos de desorganização, não conteve a revolta: vaias, costas viradas para o campo e gritos de "fora Pedrinho" ecoaram por toda a Colina Histórica. E não foi só o presidente Pedro Paulo Zaluski de Mello que sofreu. A diretoria, o técnico Fernando Diniz Moreira e até os jogadores que entraram em campo foram alvo da ira de quem pagou ingresso para ver um time que, mais uma vez, não cumpriu o básico: competir com coração.
Um empate que doeu mais que uma derrota
O gol do Independiente Del Valle veio aos 35 minutos do primeiro tempo, com Claudio Spinelli desviando de cabeça uma cobrança de falta de Mercado, superando o goleiro Léo Jardim. O Vasco, que havia prometido reagir após o massacre em Quito, parecia desorientado. As chances vieram — Germán Márquez Vegetti parou em Guido Villar na primeira etapa, Rayan desperdiçou uma bola clara — mas a eficiência do adversário era o espelho do que faltava aqui: foco, coragem e identidade.O descontou veio aos 20 minutos do segundo tempo, com Vegetti cabeceando um cruzamento de João Victor. Um grito de alívio. Um minuto de esperança. Mas foi só isso. O time, que lançou 36 bolas à área adversária — apenas oito em cabeçadas, segundo a CNN Brasil — não conseguiu transformar volume em qualidade. Aos 48 minutos, Vegetti teve outra chance, outra cabeçada. Villar, o goleiro equatoriano, fez outra defesa heróica. O empate foi apenas um detalhe. O que importava era o fim da campanha, e a sensação de que tudo poderia ter sido diferente.
Protestos que não são só de hoje
A torcida não estava apenas triste. Estava enraivecida. E isso tem nome: Pedro Paulo Zaluski de Mello. Ele, presidente desde 2023, é o rosto de uma gestão que já acumula quatro jogos sem vitória, eliminações precoces em competições continentais e um elenco que parece desmotivado. Nas redes sociais, a hashtag #ForaPedrinho bateu 200 mil menções em menos de duas horas após o fim da partida. No estádio, cartazes com fotos dele e a frase "Você não é presidente, é fardo" foram exibidos. O jornalista João Guerra, do ge, registrou torcedores que ficaram de costas para o campo durante todo o segundo tempo — um gesto raro, quase sacrílego, em um clube com mais de 125 anos de história."É a mesma coisa de 2023, de 2022, de 2020. A gente não quer mais só um presidente. Quer um time que lute", disse Carlos Eduardo, de 47 anos, torcedor desde os 8 anos, enquanto deixava o estádio. "Eles não sabem nem o que é um elenco de qualidade. Só sabem gastar e apontar dedos."
Um time sem rumo, fora e dentro de campo
O Vasco não só foi eliminado. Foi exposto. A estatística é cruel: 14 pontos em 14 jogos no Brasileirão Betano 2025, 16º lugar. A defesa, que deveria ser a base, sofreu 23 gols — o pior entre os 12 primeiros colocados. O ataque, com 12 gols, é o segundo menos produtivo da Série A. E mesmo assim, a diretoria insistiu em manter o mesmo esquema tático, mesmo com o técnico Fernando Diniz, nascido em Poços de Caldas em 1979, demonstrando dificuldades em adaptar o time.Na partida contra o Del Valle, a tentativa de colocar Jair para dar mais posse de bola falhou. O meio-campo não conectou. Os laterais não avançaram. O centroavante, Vegetti, foi o único que se moveu com propósito — e mesmo assim, foi isolado. "O Vasco não tem um plano B. Só tem um plano: esperar que alguém resolva", comentou o analista Marcelo Mendes, do LANCE!.
O que vem depois? O futebol não espera
O próximo compromisso é domingo, 27 de julho, às 18h30, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, contra o Sport Club Internacional. É um jogo difícil, mas também uma oportunidade. Perder mais uma vez pode significar o fim da temporada. Ganhar, talvez, comece a reconstruir a credibilidade.Além disso, o Vasco ainda está na Copa Betano do Brasil 2025, enfrentando o Centro Sportivo Alagoano (CSA) nas oitavas. Mas ninguém acredita mais em copas. A única que importa agora é a Série A. E mesmo ali, o clima é de desesperança.
Quem avança? O "Mata Gigantes" que não perdoa
O Independiente Del Valle, fundado em 1962 em Sangolquí, Equador, segue como um dos maiores vilões da Copa Sul-Americana. Já eliminou clubes como Flamengo, Corinthians e agora o Vasco — todos em casa. O técnico argentino Miguel Ángel Ramírez construiu um time eficiente, disciplinado, que sabe o que quer: aproveitar cada chance. Eles avançam para as oitavas, onde enfrentarão o Mushuc Runa, equipe equatoriana que liderou a fase de grupos com 15 pontos em seis jogos. Para o Del Valle, não é sorte. É método. Para o Vasco, é desastre."O ditado do futebol entrou em ação e o Del Valle não perdoou", escreveu o Terra. E realmente — quando um time com menos recursos, menos tradição, menos investimento, bate um gigante em seu próprio estádio, não é coincidência. É reflexo de algo muito maior: a falência de um projeto.
Frequently Asked Questions
Por que o Vasco foi eliminado tão cedo da Sul-Americana?
O Vasco foi eliminado por causa do placar agregado de 5 a 1, resultado da derrota por 4 a 0 em Quito na ida, seguida pelo empate por 1 a 1 em São Januário. A equipe não conseguiu reverter o déficit por falta de eficiência ofensiva, organização tática e motivação. A diretoria, sob Pedrinho, foi criticada por não montar um elenco competitivo para competições continentais, e o técnico Fernando Diniz não conseguiu adaptar o time às exigências do futebol sul-americano.
Quem são os principais responsáveis pela eliminação?
Embora os jogadores tenham falhado em campo, a maior parte da culpa recai sobre a diretoria, liderada por Pedro Paulo Zaluski de Mello, que acumula mais de dois anos de gestão sem resultados. A falta de investimento em reforços estratégicos, a contratação de jogadores sem perfil de competição continental e a instabilidade técnica (com três treinadores em 18 meses) são fatores decisivos. A torcida, que já não confia na gestão, considera Pedrinho o principal responsável.
O Vasco já foi eliminado assim antes em competições sul-americanas?
Sim. Em 2021, o Vasco foi eliminado pela LDU na Sul-Americana por 6 a 1 no agregado, após perder por 5 a 0 em Quito. Em 2017, foi eliminado pelo Independiente del Valle também em casa, por 4 a 1 no agregado. A repetição do padrão — derrota pesada fora, tentativa frustrada de reação em casa — revela um problema estrutural: o clube não se prepara adequadamente para enfrentar adversários sul-americanos com eficiência tática e psicológica.
O que o Vasco precisa fazer agora para recuperar a confiança da torcida?
Precisa de transparência, mudança de gestão e foco no elenco. Contratar um técnico com experiência em competições sul-americanas, renovar o elenco com jogadores de perfil vencedor e criar um plano de desenvolvimento de base são passos urgentes. Além disso, o clube precisa ouvir a torcida — não apenas em discursos, mas em decisões reais. Ainda é possível reverter o quadro, mas só se houver coragem para mudar o que está errado.
Qual é o próximo desafio do Vasco e por que ele é importante?
O próximo jogo é contra o Internacional, no Beira-Rio, no dia 27 de julho, pela 15ª rodada do Brasileirão. É crucial porque, se perder, o Vasco pode cair para a zona de rebaixamento. Se vencer, pode começar a recuperar pontos e, mais importante, a credibilidade. Neste momento, cada ponto é um sinal de que o clube ainda tem vida — e que a torcida não desistiu, mesmo que o presidente tenha perdido o apoio.
O Independiente Del Valle é realmente um "Mata Gigantes"?
Sim. Fundado em 1962, o clube equatoriano já eliminou grandes nomes como Flamengo (2022), Corinthians (2023) e agora o Vasco (2025), todos em casa. Seu estilo é pragmático: defesa sólida, contra-ataque rápido e aproveitamento letal de oportunidades. Não tem a tradição do Vasco, mas tem eficiência. É o tipo de equipe que faz o futebol sul-americano ser imprevisível — e cruel para os grandes clubes que não se adaptam.