
Na manhã de terça‑feira, a cidade de São Paulo acordou com um frio que não se via há quase uma década. Em menos de 24 horas, a temperatura despencou de 30 °C para 13 °C, um salto que deixou moradores sem saber se deveriam vestir casaco ou chamar o ar‑condicionado.
Sobre a formação da frente fria
O fenômeno começou a se organizar no fim de semana, entre a Argentina, Paraguai e o sul do Brasil. Uma ciclone extratropical, típica das latitudes médias, surgiu no Atlântico Sul e puxou massas de ar polar em direção ao interior da região Sudeste. Quando o ar frio encontra o ar quente que ainda domina o clima de primavera, a diferença térmica gera fortes instabilidades.
A troca brusca de massas cria áreas de baixa pressão, que são a semente para ventos intensos e precipitações intensas. Em regiões como o Vale do Rio Ribeira, Itapeva e a zona costeira de Santos, a combinação de umidade e frio favoreceu o desenvolvimento de granizo e chuvas torrenciais.
Os meteorologistas do Climatempo já dispararam alertas de risco alto, evidenciando não só a queda de temperatura, mas também a possibilidade de quedas de árvores, galhos enormes e até raios capazes de provocar apagões. Ventos de 60 a 80 km/h foram registrados em pontos da Grande São Paulo, enquanto localidades do Paraná e Santa Catarina relataram rajadas que ultrapassaram 100 km/h.

Impactos na capital e regiões vizinhas
A Defesa Civil de São Paulo reagiu rápido: protocolos de combate a incêndios foram suspensos – a temporada de fogo já vinha diminuindo – e equipes de prevenção contra alagamentos foram mobilizadas. A mudança de foco demonstra o quão volátil pode ser o clima de transição entre inverno e primavera.
- Árvores caídas bloqueiam vias principais, como a Marginal Tietê e a Avenida Paulista.
- Ramos quebrados atingem fios de energia, provocando quedas de energia em bairros como Mooca e Vila Mariana.
- Chuvas intensas nas primeiras horas da manhã aumentam o risco de enxurradas nos bairros de periferia, especialmente em áreas com drenagem precária.
- Risco de granizo em bairros de alta altitude, como Morumbi e Campo Limpo, pode danificar veículos e estruturas.
Além da capital, o sul do país sente os efeitos. Em Marechal Cândido Rondon, Paraná, ventos chegaram a 101 km/h, derrubando postes e telhados. Urupema, em Santa Catarina, também registrou rajadas acima de 80 km/h, provocando interrupções em linhas de transmissão.
O trajeto da frente fria segue para o interior de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul nos próximos dias. Previsões apontam para continuidade das chuvas até sexta‑feira, com picos de intensidade nas primeiras horas da manhã, quando a umidade do solo ainda está alta.
Os serviços de meteorologia mantêm monitoramento constante e atualizações frequentes nas redes sociais e nos canais oficiais. A recomendação das autoridades é que os moradores acompanhem os boletins diários, evitem sair em horário de pico se houver risco de alagamento e mantenham um plano de emergência para casos de queda de energia.
Enquanto a cidade tenta se adaptar ao frio inesperado, a sensação nas ruas é de que o inverno ainda não acabou. Bancas de jornal vendem mantas e laranjas, cafés aumentam a produção de chocolate quente e os motoristas se preparam para enfrentar estradas escorregadias. A expectativa é que, ao fim da semana, o clima volte a estabilizar, mas o alerta permanece até que a ciclone extratropical se afaste totalmente sobre o oceano.